Os pais frequentemente se deparam com dilemas como qual é a idade adequada para seus filhos terem um celular, acessarem redes sociais ou terem a liberdade de sair sozinhos para o supermercado ou ajudarem na cozinha. Não há uma resposta única para essas questões, mas parece que a chave para tomar a decisão correta está, em muitos casos, nas próprias crianças.
Em uma entrevista à CNN Portugal, a psicóloga Marta Leite e os pediatras Fernando Chaves e Manuel Magalhães forneceram recomendações sobre como perceber o nível de maturidade e responsabilidade de cada criança.
Os dois pediatras concordam que as crianças só devem ter um celular a partir dos 10 anos. A psicóloga sugere que a idade mais próxima do ideal é por volta dos 13 anos.
“Normalmente, o que eu proponho aos pais é: o celular serve para a criança se comunicar, mas também serve para a criança ser supervisionada ou controlada. Isso é uma vantagem”, comenta o pediatra Fernando Chaves, enfatizando que não há uma idade específica para isso.
O pediatra Manuel Magalhães destaca que não há uma idade pré-estabelecida, mas os pais devem estar abertos à possibilidade de seus filhos terem um celular. “Os pais precisam se sentir confortáveis e acreditar que há uma necessidade para isso. Além disso, e talvez o mais importante, a criança deve ter autonomia suficiente para cuidar do próprio celular.”
“É uma responsabilidade, portanto, a criança deve ter algum grau de responsabilidade e compreender a importância, os riscos e os benefícios de ter um celular”, afirma o pediatra.
A psicóloga Marta Leite também acredita que é necessário levar em consideração o desenvolvimento cognitivo de cada criança, bem como sua maturidade.
“Um celular é algo que está conectado ao mundo, todos estão ligados à internet. É fácil acessar qualquer tipo de aplicativo. As crianças não sabem discernir o que é bom ou ruim”, razão pela qual é necessário conversar abertamente com elas e alertá-las sobre os perigos existentes, destaca a psicóloga. “Portanto, eu diria a partir dos 12, 13 anos”, acrescenta.
Existe uma idade recomendada para ter redes sociais?
“Qual é a maturidade dessa criança, mesmo que tenha 13 anos, para saber que nem tudo o que está, por exemplo, no YouTube, é real? As crianças acreditam que tudo o que está na internet é verdadeiro. É muito difícil para alguém em casa mostrar a essa criança que as coisas não são reais. Elas não acreditam. Elas pensam que é uma desculpa nossa, que os pais estão inventando desculpas”, afirma Marta Leite, ressaltando que a idade ideal para ter acesso às redes sociais seria apenas a partir dos 16 anos, mas essa expectativa não se adequa à realidade.
“Achamos que tudo é como vemos nas redes sociais: as outras pessoas têm uma vida fantástica, um corpo fantástico, mais amigos e mais “curtidas” do que eu. As redes sociais têm tanto aspectos positivos quanto negativos. É necessário ter vigilância, não apenas controle, por parte dos pais”, acrescenta o pediatra Manuel Magalhães.
“Não se trata apenas da idade, mas sim do compromisso e da responsabilidade. E é um compromisso com os pais. O que precisa acontecer é que os pais se responsabilizem mais do que os adolescentes em relação à vigilância”, diz Magalhães.
Quando os pais decidem permitir que o adolescente tenha acesso às redes sociais, é importante estabelecer compromissos, como momentos específicos para acessá-las ou não.
“As redes sociais podem ser permitidas, mas, por exemplo, durante as refeições, os celulares não devem estar na mesa, e devemos conversar. Se cultivarmos esse hábito desde cedo, de ter conversas e compartilhar, poderemos identificar coisas que possam estar incomodando ou não indo bem. Portanto, é necessário ter um conjunto de regras bem definidas que não devem ser quebradas. Quando é permitido o uso, em que situações é permitido e com quem podem se comunicar”, sugere o pediatra.
Marta Leite aconselha que, mesmo quando a utilização das redes sociais é supervisionada, os pais devem compreender o tipo de interações que seus filhos têm nessas plataformas.
“Os pais não podem controlar o que eles fazem o tempo todo. Se as redes sociais são permitidas em idades mais jovens, devemos tentar entender o que a criança está fazendo nas redes sociais. Quais são os sites mais visitados, que tipo de amigos eles têm? Também é muito importante verificar se há perfis falsos, perfis duplicados e com quem eles estão interagindo nesses perfis”, aconselha a psicóloga.
É essencial que os pais tenham consciência de que a supervisão é fundamental, mesmo que seja difícil controlar todas as atividades online dos filhos. Estabelecer uma comunicação aberta, fornecer orientações sobre segurança e promover um ambiente de confiança são importantes para auxiliar crianças e adolescentes a lidarem com os desafios das tecnologias digitais.
Fonte: As informações são do jornal CNN.