De acordo com uma nova pesquisa conduzida pelo Opportunity Insights, um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard que estuda a desigualdade, crianças pertencentes ao 1% mais rico financeiramente têm o dobro de chances de frequentar uma universidade de elite em comparação com aquelas de famílias de classe média com pontuações semelhantes nos testes Scholastic Aptitude Test (SAT) e American College Testing (ACT) – ambos amplamente utilizados nos processos de admissão universitária nos EUA.
O estudo analisou as universidades da Ivy League, além de Stanford, MIT, Duke e a Universidade de Chicago, com o objetivo de verificar se essas instituições perpetuam o privilégio financeiro e como poderiam diversificar seus corpos estudantis, alterando suas políticas de admissão.
Para responder a essa questão, os pesquisadores examinaram dados de admissões anônimas ligados a registros de imposto de renda e resultados dos testes SAT e ACT, utilizando formulários fiscais de 1999 a 2015 e resultados de testes de 2001 a 2015.
Embora tenha sido constatada uma significativa vantagem na admissão em escolas de elite, o estudo revelou que essa vantagem não era observada em faculdades públicas prestigiadas.
“A grande discrepância nos gradientes de admissão com base na renda dos pais entre instituições públicas e privadas sugere que as faculdades particulares altamente seletivas têm a capacidade de alterar a composição de seus corpos estudantis, mudando suas práticas de admissão para se assemelharem às usadas por faculdades públicas altamente seletivas”, afirmou o estudo.
O estudo identificou vários fatores que contribuíram para essa vantagem: preferência por admissões de legados, importância atribuída a credenciais não acadêmicas e recrutamento atlético. Além disso, os pesquisadores constataram que esses fatores não afetaram os resultados pós-universitários, mas as pontuações nos testes SAT e ACT e o desempenho acadêmico foram mais precisos para prever o sucesso futuro dos alunos.
A pesquisa também mostrou que frequentar uma das instituições de elite tem efeitos duradouros, aumentando em 60% as chances dos alunos atingirem o 1% mais rico em renda, quase dobrando a probabilidade de frequentar uma escola de pós-graduação de elite e triplicando suas chances de conseguir um emprego em uma empresa de prestígio.
Como as políticas públicas podem auxiliar na inclusão de mais alunos de baixa renda em universidades prestigiadas?
As políticas públicas podem desempenhar um papel fundamental na inclusão de mais alunos de baixa renda em universidades prestigiadas. Aqui estão algumas maneiras pelas quais essas políticas podem auxiliar nesse processo:
- Acesso a uma educação de qualidade desde a infância: Investir em educação pública de qualidade desde a educação infantil até o ensino médio é essencial para preparar os alunos de baixa renda para competirem em igualdade de condições com seus pares mais privilegiados.
- Bolsas de estudo e auxílio financeiro: Oferecer bolsas de estudo e auxílio financeiro para estudantes de baixa renda é uma forma eficaz de tornar o ensino superior mais acessível. Esses programas podem cobrir as mensalidades, taxas e até mesmo ajudar com os custos de moradia e alimentação.
- Cotas e ações afirmativas: Implementar cotas e ações afirmativas em universidades pode aumentar a representatividade de alunos de baixa renda e minorias étnicas. Essas políticas garantem que uma porcentagem específica de vagas seja reservada para esses grupos, permitindo-lhes maior acesso à educação superior.
- Parcerias com escolas e ONGs: Estabelecer parcerias com escolas e organizações não governamentais (ONGs) que atendem a comunidades de baixa renda pode ajudar a identificar e preparar os alunos talentosos para o ensino superior.
- Programas de preparação e tutoria: Criar programas de preparação e tutoria para estudantes de baixa renda pode ajudá-los a se preparar para os processos seletivos das universidades prestigiadas, oferecendo apoio acadêmico e emocional.
- Flexibilização das políticas de admissão: As universidades podem adotar critérios mais abrangentes de admissão, levando em consideração o contexto socioeconômico dos candidatos, além de suas notas e resultados em testes padronizados.
- Incentivo à diversidade no corpo docente: Promover a diversidade no corpo docente das universidades pode criar um ambiente mais acolhedor e inspirador para alunos de baixa renda, que muitas vezes podem se sentir deslocados em ambientes dominados por alunos mais privilegiados.
- Programas de suporte durante o curso universitário: Implementar programas de suporte acadêmico e financeiro durante o curso universitário pode ajudar os alunos de baixa renda a superarem desafios e a concluírem seus estudos com sucesso.
- Monitoramento e avaliação de resultados: É importante que as políticas implementadas sejam monitoradas e avaliadas regularmente para garantir sua eficácia e fazer ajustes quando necessário.
- Sensibilização e engajamento da sociedade: Sensibilizar a sociedade sobre a importância da inclusão de alunos de baixa renda em universidades prestigiadas e mobilizar apoio para essas políticas é fundamental para sua implementação e continuidade.
Ao adotar essas políticas, os governos e as universidades podem contribuir para a inclusão de mais alunos de baixa renda no ensino superior, promovendo a igualdade de oportunidades e a diversidade no ambiente acadêmico.
Fonte: CNN com adaptação e inclusão de texto pela equipe Educa Week