Em nossa Newsletter abordamos este importante tema e, para promover um debate profundo e reflexivo, convidamos Patricia Debus, Diretora da Escola Crescimento (Unidade Renascença), para responder algumas perguntas. Confira a entrevista completa:
1- Poderia compartilhar exemplos de práticas sustentáveis fáceis de implementar que todas as escolas podem adotar para promover um ambiente de aprendizagem mais ecológico?
Patricia: “No ambiente escolar tratar sobre o não desperdício em todos os aspectos da vivência do aluno e funcionários na rotina acadêmica é uma prática diária e que gera bons comportamentos atingindo não apenas o espaço escolar, mas outros locais frequentados por esses indivíduos no seu dia a dia. O uso consciente do papel por parte de todos; especificamente por parte da escola, utilizando papel reciclado. Além disso, o uso de recursos digitais como ferramentas para produção dos alunos, substituindo, por vezes, a utilização do papel são bons exemplos de ações práticas que geram o cuidado com o meio ambiente. O uso sustentável de energia e água por parte de todos que frequentam os ambientes da escola, reforçando a importância do uso correto desses recursos. Criar e estimular durante as aulas, de forma interdisciplinar, a conscientização ambiental nos alunos, estimulando práticas e projetos que atinjam a comunidade escolar, reverberando na sociedade.”
2- Como você acredita que as escolas podem influenciar positivamente suas comunidades ao adotar e promover práticas sustentáveis, e qual tem sido o impacto social observado dessas iniciativas?
Patricia: “A escola é uma grande referência na sociedade. Trazer para esse espaço pautas que estimulem a criticidade dos alunos, desenvolvam habilidades para a resolução de problemas que impactam negativamente a sociedade, mediar, junto aos alunos, possíveis soluções para esses problema, transformam o aluno de um ser passivo para um ser ativo, para um cidadão consciente do seu papel nessa sociedade. O desenvolvimento dessas habilidades é um dos grandes papeis da escola. Essas habilidades desenvolvidas, se transformam em postura, comportamentos, em atitude.”
3- De que maneira os educadores e administradores escolares podem incentivar os alunos a adotar práticas sustentáveis no seu dia a dia, tanto dentro quanto fora do ambiente escolar?
Patricia: “Considero que para transformar, o indivíduo precisa ter interesse. O interesse por algo gera curiosidade e a vontade de solucionar, de seguir em frente com determinação. Quando pensamos em projetos que visam a sustentabilidade ambiental e social, colocamos os alunos como protagonistas desse processo. São os alunos, com o suporte e mediação de professores tutores, que escolhem e determinam a sua linha de atuação, os caminhos que serão trilhados no decorrer do projeto. Essa ação, em específico, já acontece há mais de 10 anos na Escola Crescimento, hoje uma ação denominada Crescimento Transforma. Alunos do 9º ano dos Anos Finais e 1ª e 2ª série do Ensino Médio vivenciam a escolha de projetos no decorrer do ano letivo visando a sustentabilidade ambiental e/ou social. Esses projetos ultrapassam os muros da escola e suas ações reverberam
positivamente para toda a sociedade. Outro ação vivenciada também por alunos dessa faixa etária é a SONUC – Simulação ONU Crescimento. Uma prática onde os alunos se preparam e vivenciam rodadas de debates perante questões de sustentabilidade, conflitos e ajuda humanitária em escala global. Essas duas ações, Crescimento Transforma e SONUC, são a culminância de um trabalho focado em habilidades desde a Educação Infantil, passando pelos Anos Iniciais até a chegada nos Anos Finais.”
4- Quais são os principais desafios enfrentados pelas escolas ao tentar integrar práticas sustentáveis em seus currículos e infraestruturas, e como esses desafios podem ser superados?
Patricia: “Acredito que a principal dificuldade está na necessidade de ser disruptivo, de pensar fora da caixa, de romper com métodos tradicionais de ensino onde apenas se contempla. Contemplar precisa ser uma das etapas do processo curricular, mas a mão na massa, a execução, o pensar criticamente, a busca pela solução são fundamentais quando pensamos em transformação. Outro fator que gera dificuldades são os conceitos preestabelecidos que sustentabilidade se trata apenas da relação com o meio ambiente, também se trata das relações que temos com as outras pessoas e também com o meio ambiente. Economicamente, socialmente e ambientalmente precisamos proporcionar aos nossos alunos, no ambiente escolar, espaço para que discutam sobre necessidades, dúvidas, anseios e receios. A escola precisa estar aberta e ser acolhedora!”
5- Como as escolas podem medir o sucesso de suas iniciativas de sustentabilidade e qual é o impacto a longo prazo dessas práticas na conscientização ambiental dos alunos?
Patricia: “A maneira como os alunos se envolvem e evoluem nas suas práticas durante a realização dos projetos é um bom termômetro para medirmos o seu desenvolvimento nas habilidades necessárias para ser atuante positivamente na sociedade. O desenvolvimento de um cidadão consciente de si e dos outros é o maior benefício a longo prazo que boas práticas vivenciadas no ambiente escolar podem gerar.”
Patricia Debus – Diretora da Escola Crescimento (Unidade Renascença)