Em nossa Newsletter abordamos este importante tema e, para promover um debate profundo e reflexivo, convidamos André Luis Nalin, Assessor de Línguas e Currículo Internacional, para responder algumas perguntas. Confira a entrevista completa:
1- Como a sua escola avalia a competência em inglês dos alunos ao longo dos anos escolares? Existem medidas específicas adotadas para garantir que eles atinjam um nível proficiente até a conclusão do ensino básico?
André: Utilizamos como métrica para desenvolver e testar a proficiência linguística de nossos alunos o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR). Ao longo dos anos de escolarização, eles são estimulados a realizar os exames Cambridge Language Assessment. Nosso planejamento é pautado na aquisição das habilidades estabelecidas pelo quadro e BNCC, e observamos os objetivos colocados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a oferta de Educação Plurilíngue.
2- Na sua opinião, quais são os maiores desafios enfrentados pelas escolas brasileiras no ensino de inglês como segunda língua? Como esses desafios impactam a preparação dos alunos para o mercado de trabalho globalizado?
André: O maior desafio para a formação de alunos efetivamente bilíngues, que não é exclusivo da área, é encontrar profissionais qualificados para atuarem como professores. As Diretrizes Curriculares para a oferta de Educação Plurilingue, embora ainda não tenham sido homologadas, estabeleceram orientações importantes para a seleção desses profissionais. Outra questão, decorrente da primeira, é a quantidade de aulas destinadas à disciplina. A LDB estabelece a obrigatoriedade da oferta de língua inglesa somente a partir do sexto ano do ensino fundamental. A partir desta série, a recomendação oficial é a de que os alunos tenham apenas duas aulas semanais, tempo insuficiente para desenvolver a proficiência linguística. Isso gera uma deficiência na formação dos alunos, que não apenas impacta sua empregabilidade, mas também sua formação geral, uma vez que a maior parte dos textos científicos são produzidos em inglês. Para se aprofundar no tema, recomendo a leitura das pesquisas produzidas pela British Council, que podem servir como referência para a tomada de decisões em instituições de ensino e estabelecimento de políticas públicas para a área.
3- Quais recursos e metodologias sua instituição utiliza para ensinar inglês? Como esses métodos são atualizados para acompanhar as mudanças nas demandas de competências linguísticas no ambiente profissional moderno?
André: Scott Thornbury, uma importante referência na área de ensino da Língua Inglesa, no livro “30 Language Teaching Methods” utiliza o termo “ecletismo de princípios” para definir a decisão de professores de ELT (English Language Teaching) de utilizar uma miscelânea de métodos em suas aulas. Pessoalmente, gosto desse conceito e vejo como algo de fato adotado pela maioria dos profissionais experientes da área. O que é importante é ter clareza do que deve ser ensinado, aqui vejo como imprescindível a utilização do CEFR, oferecer diferentes oportunidades para que os alunos consigam utilizar a língua de forma espontânea e adequar as estratégias metodológicas às necessidades de cada aluno. Sei que já está bem batido o conceito de “aprender a aprender”, mas vale retomar a necessidade de ensinar aos alunos técnicas para que sigam aprendendo a língua ao longo da vida, visando sua adequação às novas demandas sociais e profissionais.
4- De que maneira o ensino de inglês está integrado com outros conteúdos curriculares na sua escola para promover um aprendizado mais contextualizado e aplicado ao mundo real?
André: Essa integração é feita no colégio de duas maneiras. Na frente curricular, o planejamento da disciplina é feito de forma interdisciplinar com os professores polivalentes e especialistas de outras disciplinas. Então, durante as aulas de Inglês existem dois focos, desenvolver as habilidades linguísticas propostas pelo CEFR e BNCC e promover práticas interdisciplinares que possibilitem a mobilização dessas habilidades em diferentes contextos. Também oferecemos a opção do Currículo Internacional, em parceria com a Cambridge International Education. Nessas aulas, sempre oferecidas no contra período, os alunos podem escolher entre 2 jornadas (Science e Global Perspectives) para aprofundar seus conhecimentos nas respectivas áreas utilizando o currículo Cambridge. Isso facilita não só o desenvolvimento acadêmico e linguístico, mas também a integração com outras instituições de ensino ao redor do mundo (Cambridge International Schools), com quem desenvolvemos trabalhos colaborativos. Também estimulamos o protagonismo de nossos alunos na participação de eventos internacionais, como a Climate Olympiad e a Global Perspectives Fair.
5- Considerando a importância do inglês no cenário global, quais iniciativas ou programas sua escola oferece para preparar os alunos não apenas para exames de proficiência, mas para utilizar o inglês de maneira eficaz em suas futuras carreiras profissionais?
André: Buscamos sempre promover práticas onde os alunos possam mobilizar os conhecimentos linguísticos na resolução de problemas do “mundo real” e utilizar a língua fora da sala de aula. Seguem alguns exemplos:
- Conversas com especialistas;
- Práticas de letramento racial;
- Práticas interdisciplinares mão na massa;
- Trabalho com paradidáticos;
- Parcerias com ONGS;
- Diversidade e STEAM;
- Concursos musicais.
André Luis Nalin – Assessor de Línguas e Currículo Internacional